domingo, 23 de agosto de 2009

Medalha de Lata

Terminou hoje o Campeonato Mundial de Atletismo. Normalmente a notícia passaria desapercebida, afinal brasileiro não é fã de atletismo. O que chama a atenção é a péssima participação de nossa delegação, abalada pelo recente escâdalo de doping, mas com resultados desanimadores de quem se esperava muito mais. Mal chegamos próximos a um terceiro lugar, não deu nem pra torcer. Um verdadeiro fiasco, que denuncia os equívocos e incompetências de nossos gestores esportivos.
É com esse descaso e falta de planejamento que nos julgamos merecedores de sediar uma Olimpíada, daqui a apenas sete anos? É um tempo insignificante, quase nulo, para que consigamos formar adequadamente uma razoável equipe olímpica. Mas na cabeça do Nuzman, do Lula, do Orlando Silva, do Sérgio Cabral, do Paes, enfim, para estes brincalhões, isso é apenas um detalhe, que não pode estragar o oba oba, a nossa euforia terceiro-mundista.
No Brasil o esporte sempre foi visto como uma recreação para as crianças, a educação física das escolas, nada mais do que isso. Aqui o esporte de competição é privado, privilégio de uma classe média que pode pagar a mensalidade da escolinha, do clube ou da academia.
Nunca olhamos o esporte (assim como as artes) como fator determinante de capacitação profissional, como parte integrante do currículo de escolas e universidades. Os Estados Unidos, por exemplo, são uma potência porque o aluno tem acesso à pratica de qualquer esporte de competição, desde a high school à universidade, e vêem ali uma real chance de carreira. Ligas são formadas, integrando escolas e universidades de todo o país. O esporte é parte do sucesso de um aluno durante sua vida acadêmica. Aqui, o esporte atrapalha a vida acadêmica. Quantas potenciais estrelas do esporte tiveram que abreviar suas carreiras ao verem-se na encruzilhada entre esporte e trabalho, principalmente nas classes mais altas?
O sinal de alerta está ligado, mas sabemos que com nossos políticos não adianta. Sabemos que, uma vez escolhidos como sede dos jogos de 2016, aparecerão aquelas empresas oportunistas de plantão patrocinando nossas estrelas já formadas e consagradas, para retorno certo (atenção Ciello, sai fora! Virar garoto propaganda dessas empresas antes de eventos esportivos importantes é mau agrouro. Vide Ronaldinho Gaúcho, Daiane dos Santos e Thiago Pereira com a Oi, antes do Pan. Não arrumaram nada. E o Diego Hipólito, com a Golden Cross, antes de Pequim? Mico.)
Abrirão-se canais de patrocínio para qualquer ONG inetressada em ensinar umas raquetadas, bilhões escorrerão pelos ralos públicos com projetos inócuos e bolsos gulosos e, no final, saudaremos como heróis o carinha que chegou a final B.

Um comentário:

  1. FILHO,
    O MELHOR QUE NÓS PODEMOS FAZER É TORCER CONTRA.NÃO TEMOS A MENOR CONDIÇÃO DE PROMOVER UMA OLIMPÍADA.
    EM QUALQUER SITUAÇÃO. POR QUALQUER RAZÃO. SOB QUALQUER PRETEXTO, QUANDO PMDB E PT ABRAÇAM UMA CAUSA, TEM ROUBO, CORRUPÇÃO, SACANAGEM, DESVIO DE VERBA E POPULISMO POR TRÁS.
    VAMOS TORCER POR CHICAGO OU POR QUALQUER OUTRA CIDADE.
    OLIMPÍADA, AQUI NÃO!
    BJS

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