terça-feira, 8 de setembro de 2009

The End

Como todos souberam, foi embargada no último sábado a edição da XXXperience que rolaria no feriadão, em Búzios. Apesar da produção ter cumprido todas as 485.987 normas exigidas por lei (a estapafúrdia Lei n 5265/08, de autoria do digníssimo Alvaro Lins, que no momento passa uma temporada em Bangu 8), o poder público fez prevalecer sua força, impedindo a realização da festa através de liminares. Apresentariam-se, nesta noite, nomes como Gui Boratto, um dos artistas mais respeitados no exterior, além de outras feras.
Sem querer discutir aqui o mérito da questão, um fato é cristalino como água: para redimir-se de seus pecados éticos e morais, a opinião pública há muito elegeu a música eletrônica, principalmente as festas "open air" e o funk, falando do Rio particularmente, como verdadeiras encarnações do satanás.
Quando surgiu, no meio da década de 90, a XXXperience representava para aquela geração o que Woodstock representou para os hippies: um movimento libertatório, produzido para um público que via ali a chance de dançar e se divertir como se não houvesse amanhã, nem depois de amanhã. O contato com a natureza, o som psicodélico, a sensação de que os clubs (dentro dos claustrofóbicos ambientes de concreto) já não comportavam mais as necessidades sensoriais daquelas pessoas, faziam da XXX, e de outras memoráveis festas da época (Mega Avonts, Celebra, Trance Fusion e a própria Cosmic Spices, a única rave que eu fiz na via, só para citar algumas), verdadeiros acontecimentos, que mobilizavam um público desbravador e inovador, hedonista e escapista. Uma geração inteira que se conhecia pelo olhar, quase que pelo nome!
Os anos passaram, edições se sucederam em uma velocidade cada vez maior, o público explodiu.
A XXX tornou-se uma marca valiosa, cuja força verificava-se na venda de produtos ligados ao evento: camisetas, cds e dvds eram a prova do potencial comercial da festa. Mas o que era a contra cultura havia se tornado uma label com forte viés capitalista, sem que isso seja necessariamente uma crítica; afinal, o mundo roda pra frente.
Paralelamente, crescia a percepção na opinião pública de que as raves eram um território pecaminoso, que levavam seus inocentes filhotes para a perdição total.
Implacável como o Magnun 44, jamais houve o real interesse em se discutir, sem falsas moralidades, porque tais eventos atraíam tantos jovens: apenas para o uso e abuso de substâncias psicotrópicas? Não seria aquilo um claro recado à sociedade, de que algo lhes faltavam no que a eles era oferecido? Não seria aquilo a maior revolução cultural de uma geração em décadas?
Não, preferiram o caminho mais curto, cômodo e óbvio para acalentar corações e mentes de pais tão aflitos quanto desinformados: a censura, a proibição, o abuso da lei para asfixiar até "os 3 tapinhas" que encerram um combate.
Ignoram, em nome do conforto individual de não querer enxergar certas verdades, o uso e abuso de drogas em qualquer tipo de evento que reúna música, suor, alvoroço e multidão. Vêem somente o querem ver. Ouvem somente o que querem ouvir. Os ensaios das escolas de samba, por exemplo, são reconhecidamente uma lucrativa fonte de renda para muitas facções que comandam o crime no Rio. Na quadra da Mangueira tinha até passagem secreta pro "escritório" da boca. Nos camarotes da Sapucaí, o pó come solto duas noites seguidas.
Mas, e daí né, isso é só um detalhe, quem ousa mexer com o samba secular, de Cartola, Noel e Jamelão? Desprezam o trabalho e o mérito artístico, valorizam a transgressão e os clichês.
Enfim, a música eletrônica não vai morrer nas grandes cidades, estão aí os clubs para provar. Porém, parece cada vez mais impensável a realização de festas open air dentro do perímetro urbano. A sociedade prefere não se chocar com o transe coletivo; é mais fácil aprisionar todos em festinhas temáticas, com "gente bonita" e outras coisinhas chinfrim, com hora exata pra desligar o som e "ralá" peito. Toquem house (em todas as suas variações) de preferência, para passar a todos o chiquè da e-music, que agrade às autoridades e patrocinadores.
A e-music "encafonou", mas não morreu. Levem a XXX pro meio do mato, façam um festival anual em alguma cidade que os acolha com carinho, sei lá, mas por aqui falo que tá brabo.
Pra finalizar, segue abaixo (com direito a video e tudo pra acompanhar a letra), uma homenagem deste humilde blogueiro a todas as pessoas que um dia se "libertaram" em alguma rave perdida nos anos 90 e conheceram uma tal de música eletrônica.





THE END -THE DOORS

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the endI'll never look into your eyes...again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land ?
Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah
There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby
Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold
The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest
The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us ?
The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
"Father ?", "yes son", "I want to kill you"
"Mother...I want to...fuck you"
C'mon baby, take a chance with us X3
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock,
On a blue bus
Doin' a blue rock, C'mon, yeah
Kill, kill, kill, kill, kill, kill
This is the end,
Beautiful friend
This is the end,
My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end

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